Morre em São Paulo, aos 81 anos, a atriz e produtora teatral Ruth Escobar. Ruth sofria de Alzheimer e estava hospitalizada há um mês. O velório dela deverá ocorrer no teatro que leva seu nome, na Bela Vista, a partir das dez da noite. O corpo da atriz será cremado.
Ruth Escobar foi uma mulher um pouco fora do tempo. Em plena ditadura estava décadas à frente do retrógrado estereótipo de uma mulher de bem, ou recatada e do lar. Ruth, com o sotaque português que não conseguia disfarçar, falava alto, sempre com vigor e paixão. Educou os filhos num ambiente de liberdade, sem caretices de mãe. Era um trator. Trouxe para o Brasil os grupos de teatro mais libertários e inovadores, como os catalães do Fura dels Baus, por exemplo. Não só o teatro deve muito a ela. O Brasil, também. Ela nos ensinou, com seu trabalho, a sermos um pouco menos caipiras, menos provincianos. Desconfio que Ruth escolheu a hora certa de morrer. Quando uma mulher ou um homem pelado são motivo para fechar uma exposição de arte, Ruth Escobar não pode mesmo estar neste mundo.