Vinicius Torres Freire/Energia mais cara, mas sem apagão

Por 29 de setembro de 2017Jornal da Gazeta

Como a gente tinha comentado aqui no Jornal da Gazeta, na semana passada, a conta de luz vai ficar um pouco mais cara. A cada 100 kWh, vamos pagar mais R$ 3,50 por mês.
Não parece tanto, mas o aumento é sinal de um problema um pouco mais preocupante: há uma seca braba no país quase inteiro. Os lagos das usinas hidrelétricas estão em nível mais baixo que na primavera do ano 2000, pouco antes do apagão do governo FHC.
Vai ter apagão? Por ora, nem sombra disso. O país tem fontes de eletricidade que não tinha no ano 2000, como os grandes geradores movidos a gás ou óleo, as usinas termelétricas. Temos a energia dos ventos, das usinas eólicas, que praticamente não existiam faz uma década.
Ainda assim, é um problema. A energia vai ficar ainda mais cara para as empresas. Não é uma boa notícia para um país que apenas começa uma recuperação econômica muito minúscula.
Outro problema é a falta de água em si. O Distrito Federal, onde fica Brasília, está em racionamento de água desde janeiro.
O Nordeste entrou no sexto ano de seca. A situação é mais grave na Paraíba, onde 88% das cidades estão em estado de emergência ou calamidade por falta d´água.
No Ceará, dois terços das cidades estão afetadas. A coisa está feia também no Piauí, Pernambuco e norte de Minas Gerais. Começa a haver preocupação com racionamento nas cidades em torno do Rio de Janeiro e no interior de São Paulo. Isso é ruim para a vida do dia a dia mas também para várias empresas, de indústrias a fazendas, que dependem de água para produzir.
A Agência Nacional de Energia Elétrica, que cuida de fiscalizar o setor, vai começar uma campanha pela poupança de água e luz. O governo todo deveria fazer a mesma coisa.
A gente só vai saber mesmo se a seca vai continuar de modo preocupante lá por novembro, dezembro, quando começa a estação de chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste. Mas não é prudente esperar até lá, torcer pelas chuvas de verão, como fez o governo FHC.

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