Vinicius Torres Freire/Economia pode valer pouco nas urnas

Por 28 de setembro de 2017Jornal da Gazeta

Depois de Michel Temer, vai ser difícil dizer que um presidente bateu o recorde de impopularidade. É o que mostra a pesquisa do Ibope feita para a Confederação Nacional da Indústria, a CNI, pesquisa que saiu hoje.
Temer recebe a avaliação ótimo ou bom de apenas 3% dos entrevistados. É difícil imaginar que algum presidente vá ainda mais baixo do que isso.
No que interessa para a economia, Temer vai quase tão mal. Quase 90% do eleitorado desaprova o modo como o governo lida com os juros, com o emprego e com os impostos. Mas será que as pessoas acham que tudo na economia ainda vai tão mal assim? Ou será que estão tão revoltadas, com a vida dura e com a bandalheira política, que dão nota baixa para quase tudo?
Vamos olhar para o caso da inflação. Agora em setembro, neste mês, 81% dos entrevistados desaprovam a atuação do governo para controlar a inflação. Em junho do ano passado, a desaprovação era menor, de 72%. Mas a inflação caiu muito desde junho do ano passado, quando estava perto de 9% ao ano. Agora, está perto de 3% ao ano.
Enfim, a melhora minúscula na economia não fez nem coceira na revolta do brasileiro.
Outra pesquisa, diz coisas parecidas. Foi feita pelo instituto MDA para a Confederação Nacional do Transporte, a CNT. Saiu na semana passada.
O estudo mostra que, de fevereiro para setembro, aumentou o número de brasileiros que acreditam que a situação do emprego vai piorar e que a renda deles vai cair. Não adiantou o desemprego diminuir um tiquinho, a renda subir um tantinho. Foi pouco e não compensa os anos de sofrimento e a fúria com a política.
No caso da avaliação do presidente, a avaliação piorou justamente depois de maio. Foi quando o a país soube das conversinhas de Temer com Joesley Batista, da JBS, agora na cadeia.
A raiva política é grande. O eleitorado desaprova cada vez mais todos os candidatos que já apareceram, mostra a pesquisa Ipsos.
Essas pesquisas mostram que a economia pode ter pouco efeito na eleição de 2018. Quem aparecer na eleição ligado a Temer ou com o plano de governo dele vai ter de inventar uma conversa muito boa para não apanhar na urna.

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