João Batista Natali/Assembleia/ONU é circo diplomático

Por 19 de setembro de 2017Jornal da Gazeta

A Assembleia Geral das Nações Unidas é uma espécie de circo, montado todos os anos, na sede da organização internacional. Ela fica num terreno incrustrado dentro do município de Nova York. Mas que não pertence ao território norte-americano. Pois bem, o circo diplomático é um local de psicodrama, de dramaturgia, e de um longo bocejo, que dura seis dias, e que acaba com último discurso. A Assembleia Geral não é um lugar para tomar decisões. Os temas que são votados, lá dentro, não têm peso no direito internacional. São simples recomendações. O que vale, na ONU, é o Conselho de Segurança, formado por vinte países. E entre eles, apenas cinco são membros permanentes. E só os membros permanentes têm o direito ao veto. Eles são os Estados Unidos, a Rússia, o Reino Unido, a França e a China. O resto são atores secundários. Pois bem, Donald Trump participou hoje do circo da ONU. Ele foi o segundo orador. Pelo protocolo em vigor desde 1947, o primeiro orador é sempre o presidente do Brasil. O presidente americano discursa em seguida. Trump soltou os cachorros contra a Coreia do Norte. Fez também a mesma coisa contra o Irã e contra a Venezuela, países que não têm armas nucleares. Não adianta afirmar que os americanos “destruirão totalmente” a Coreia do Norte, caso ela ameace a segurança dos Estados Unidos e de aliados. É bravata. Trump discursa na ONU com a mesma leviandade com que dispara advertências pelo Twitter. A Assembleia Geral é um Twitter com a mídia internacional de corpo presente. Podem ser discursos bem longos, como o do ditador cubano, Fidel Castro, que torturou a assembleia, em 1960, com uma fala de quatro horas e 25 minutos. Mas era o papel dele nesse circo internacional. A ONU tem 193 países. Na Assembleia Geral, são todos iguais, no direito à oratória e à chatice. Por favor, sejam espertos. Não levem a Assembleia Geral da ONU muito a sério. É assim que o mundo gira. Boa noite.

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