O terrorismo atacou hoje mais uma vez. É uma tragédia que nos deixa indignados. Mas há uma diferença, com relação aos atentados mais mortíferos dos últimos anos. Lembrem-se dos 191 mortos, em 2004, nos trens de subúrbio de Madri. Ou então dos 130 mortos em Paris, em 2015. O número de vítimas está caindo. Hoje não morreu ninguém. Os radicais islâmicos estão sendo aniquilados pelos serviços europeus de segurança. Ficaram cada vez mais isolados. Têm menos dinheiro. Têm menos explosivos. O que vemos agora é um terrorismo de pobre, um terrorismo praticado por bandidos, que atuam por conta própria. Ou em grupos de três ou quatro, que se conhecem pela internet. O atentado de hoje, na estação do metrô de Parsons Green, foi coisa de amador. Continua a ser um atentado criminoso. Mas traz embutida a ideia do desespero, que não possui logística ou planejamento capazes de matar mais gente. Dos últimos atentados na Inglaterra, só o de Manchester, com 22 mortos em abril, escapou a essa regra. Em Nice, na França, com 84 mortos por atropelamento, em julho do ano passado, o terrorista não possuía nem 100 gramas de explosivos. O motivo desse declínio está na decadência do Estado Islâmico. Esses malucos criaram, em junho de 2014, um chamado califado no Iraque e na Síria. Eles tinham como base, no Iraque, a cidade de Mossul, mas foram desalojados por bombardeios americanos. Na Síria, quem fez o serviço foram os aviões da Rússia e a ditadura de Bashar Al-Assad. Com a Guerra Civil, o Estado Islâmico foi desalojado de sua principal base, a cidade de Raqqa. Ex-combatentes do Estado Islâmico têm se refugiado aos mil hares na Turquia. É um final patético, para uma organização que pretendia incendiar a Europa, e impor o domínio territorial em todo o Oriente Médio. Mas a ideologia criminosa do Estado Islâmico não morreu. É por isso que ainda vivemos tragédias como a do metrô de Londres. Coisa de amador. Mas de amador criminoso. É assim que o mundo gira. Boa noite.