A forte reação que a Bolsa vem tendo e o dólar rodando abaixo dos R$ 3,10 têm relação com o mercado externo, com a queda do dólar frente a outras moedas e o excesso de liquidez, de dinheiro disponível, em busca de boas oportunidades de ganho. Mas o Brasil só está se aproveitando deste cenário porque aumentou bastante a confiança nas perspectivas da economia brasileira. Vários indicadores melhoraram, como os de atividade, e os novos lances da crise política parecem ter aberto uma brecha para o avanço da agenda econômica. Mesmo com Temer ainda sendo alvo da Procuradoria, Janot ficou enfraquecido com o caso JBS, e uma eventual nova denuncia contra o presidente não deve mobilizar atenções como a primeira. Isso pode dar condições de o governo avançar até com a Reforma da Previdência, crucial para o ajuste das contas públicas. E a equipe de governo tem agido pra preservar a agenda e mostrar a importância da Reforma. como vimos, Dyogo Oliveira, ministro do Planejamento, até alertou para o fato de o governo estar prestes a não conseguir bancar os custos das aposentadorias e pensões. Ainda que haja algum exagero, há uma preocupação em se mobilizar a opinião pública e os políticos pra essa questão, o que é visto com bons olhos. Enfim, a melhoria dos índices de atividade, a queda das projeções de inflação e juros, o potencial de avanço de medidas que possam ajudar no ajuste fiscal e na reestruturação da economia, têm dado impulso à Bolsa e segurado o dólar. E a própria queda dos juros é outro fator que favorece a Bolsa, como opção de investimento. A economia, mesmo com o imenso desequilíbrio fiscal, entrou num ciclo mais positivo. É ver se a política, com esses escândalos e denúncias, que parecem não ter fim, não compromete a agenda que pode colocar a economia nos trilhos de forma mais sustentável, sem que tenhamos, de novo, apenas mais um vôo de galinha. Boa noite.