Estamos num novo capítulo de uma novela sobre as aventuras nucleares da Coreia do Norte. E a plateia está dividida. A China e a Rússia, querem que sejam abertas negociações diplomáticas, para tranquilizar esse ditador maluco, o Kim Jong Un. Mas os americanos querem novas sanções econômicas. Acontece que as sanções multilaterais, que comprometem toda a comunidade internacional, só podem ser votadas pelo Conselho de Segurança da ONU. E dentro do conselho, os russos e os chineses têm poder de veto. Por isso, falar em sanções mais duras, como está fazendo Donald Trump, é conversa mole para boi dormir. As últimas sanções foram no mês passado. A Coreia do Norte perdeu a metade das exportações que faz para a China. E, mesmo assim, depois disso, tivemos um suposto míssil de longo alcance, e uma suposta bomba de hidrogênio. Há muito blefe nessa história. Ninguém afirma, com certeza, que a bomba de domingo foi uma bomba-H. Seria espantoso que os norte-coreanos já tivessem essa tecnologia. Mas nessa novela, há duas verdades preocupantes. A primeira é de que Kim Jong Un é quem está fazendo a música, para o resto do Planeta dançar. Ele é dono do calendário das provocações. A segunda verdade é que Donald Trump se transformou, aos olhos dos americanos, num chefe de guerra protetor. É um papel para o qual ele não está preparado. Ele não vai disparar bombas atômicas sobre a Coreia do Norte, porque não é louco. Enquanto isso, o Japão, que não pode ter esse tipo de armas, desde que foi derrotado na Segunda Guerra Mundia l, sente cócegas para também se nuclearizar. Seria um jeito de se proteger. A paciência da China também tem limites. E a Rússia acabou virando, nessa história, uma velha sábia, com fortes interesses geopolíticos na Ásia do Norte. Putin disse hoje que os norte-coreanos comerão a grama plantada no chão, mas não renunciarão ao programa nuclear que começaram a desenvolver, para não sumirem um dia do mapa. É assim que o mundo gira.